Instituto Flávio Luis Ferrarini é referência cultural em Flores da Cunha

O Instituto leva o nome de reconhecido escritor florense

Cultura é uma questão bem delicada para a cidade de Flores da Cunha, RS, onde as pessoas ainda são bem tradicionais e receosas com tudo o que é diferente. Mas, desde a sua fundação, o Instituto Flávio Luis Ferrarini conquista a cada dia que passa, mais um degrau na sua subida para espalhar as diferentes formas de arte no município.

Quadro com recados no espaço do Instituto Flávio Luis Ferrarini
Foto: Tainá Menegat

Criado em 2016, o Instituto tem como objetivo a disseminação da cultura, não só na cidade de Flores da Cunha, mas também na região, e passar para as pessoas como é importante esse convívio e interação social em prol de um bem maior.

O escritor da Terra do Sol


Flávio era poeta, cronista, escritor de literatura infanto-juvenil, natural de Nova Pádua, RS, mas vivia na cidade de Flores da Cunha. Foi colunista no jornal Pioneiro, de Caxias do Sul, no jornal Semanário, de Bento Gonçalves e também escrevia para o jornal O Florense de Flores da Cunha, além de ter publicado mais de 20 obras literárias.

Flávio no lançamento do seu livro "O Menino da Terra do Sol", em maio de 2015
Foto: Arquivo Instituto

Flávio foi patrono da 30ª Feira do Livro de Flores da Cunha e, a Biblioteca Pública de Nova Pádua e a da Escola Municipal Rio Branco o homenagearam adotando seu nome nas bibliotecas. A Casa da Cultura em Flores da Cunha, a qual está com as obras paradas desde 2016, também receberá o nome de Flávio como forma de homenagem ao escritor.
Em 16 de junho de 2015, Flávio Ferrarini, aos 53 anos, sofreu um grave acidente de trânsito e não resistiu aos ferimentos.

Disseminando a cultura na cidade



Flávio no lançamento do seu livro "O Menino da Terra do Sol" ao lado da irmã Madeleine (direita) e da amiga Nair (esquerda)
Foto: Arquivo Instituto

Pouco antes de falecer, Ferrarini fez o lançamento do livro “O Menino da Terra do Sol”, obra autobiográfica que conta a história de um menino do interior que ama os livros e sonha em ser escritor. O lançamento também contou com a exposição de aquarelas do artista Antonio Giacomin, que aquarelou o livro de Flávio. Este evento foi tão marcante para ele e seu grupo de amigos, que, segundo Madeleine Ferrarini Dallemole, psicóloga e irmã do escritor, “foi um momento mágico, pois muitas pessoas participaram e surpreendeu, principalmente por ser Flores da Cunha, que é um lugar difícil nessa questão da cultura. Mas sempre foi um sonho meu e do meu irmão ter um espaço para curtir esse tipo de movimento”. E a partir do lançamento do livro, o desejo de criar um espaço cultural foi tomando forma.

Equipe de voluntários na campanha "Doe Sentimentos Positivos", ação realizada em outubro de 2015
Foto: Arquivo Instituto

Todavia, após o seu falecimento, essa ideia acabou perdendo um pouco da energia, mas não foi esquecida. Ao descobrirem a campanha nacional “Doe Sentimentos Positivos”, a irmã Madeleine e um grupo de amigos se engajaram e produziram corações amarelos com frases positivas, que foram distribuídos pela cidade, levando palavras de esperança para as pessoas e ao mesmo tempo, renovando a vontade de fazer o bem depois de uma perda dolorosa. “A dor colocou-se em uma coisa boa e se percebeu todo o lado positivo que o Flávio sempre nos incentivou. Montamos um grupo e começamos a fazer pequenas ações”, afirma Madeleine. 

Coração característico da campanha "Doe Sentimentos Positivos”
Foto: Arquivo Instituto

Esse grupo então foi crescendo, assim como suas ideias, e ter uma sede já era essencial. Assim, Madeleine cedeu um espaço que estava ocioso e, em 05 de agosto de 2016, foi inaugurado o Instituto Flávio Luis Ferrarini. Hoje são cerca de 60 voluntários que, desde então, já promoveram várias ações, como distribuição de poesias no guardanapo; o projeto “A Felicidade Desfila Aqui”, em que foi feito um brechó e desfile com roupas usadas; lançamento de livros; workshops de desenho, teatro, cinema, música; e, pelo menos uma vez por mês é realizado o Filó Filosófico, no qual são convidados escritores para bater um papo com o público. O mais recente projeto é o “Ler é uma Arte”, o qual tem como objetivo incentivar as crianças, e a todos, a leitura. Foram feitas fotos com algumas meninas que retrataram personagens famosos da literatura.

Filó Filosófico com o professor e escritor Jayme Paviani
Foto: Arquivo Instituto

Larissa Verdi, repórter do jornal O Florense e voluntária no Instituto, declara que muitos cidadãos ainda não conhecem o espaço ou não entenderam ainda qual é o papel do Instituto, mas que a importância da entidade é enorme, porque “o que mais ouvimos é que 'faltava um espaço desses em Flores da Cunha', e sempre se reclamou muito da falta de atividades culturais, pois então agora temos uma entidade que aposta exatamente nesse quesito: levar cultura, leitura, novidades e envolvimento à comunidade”.
Ela ainda destaca que as maiores dificuldades do Instituto é reunir mais recursos para manter o espaço e as atividades em funcionamento, como também manter o público ativo, pois pensar em novas ações requer tempo hábil que alguns voluntários não dispõem.

Projeto de incentivo à leitura "Ler é uma Arte"
Foto: Areze Foto e Filme

Para acompanhar mais atividades do Instituto Flávio Luis Ferrarini ou ler alguns textos do escritor, você pode acessar a página no Facebook, ou o perfil no Instagram.



Quem escreve: Tainá Reginato Menegat
Estudante de Jornalismo da UCS
Fã de séries, livros e cinema
Está escrevendo sua própria fantasia




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