Em Caxias do Sul, o movimento feminista enfrenta cotidianamente ataques conservadoristas

“Nossa luta é para sermos reconhecidas como iguais, como sujeitas que merecerem ser reconhecidas” 

Em mais de 200 anos de batalhas as mulheres conquistaram direitos que hoje, parecem algo simples. Direito de voto, de estudar, até mesmo de ter uma profissão. Apesar disso, grande parte da sociedade não compreende a importância destas conquistas. Representantes da população, como Eduardo Bolsonaro, usa o movimento como motivo de chacota (confira aqui). Mas não são apenas figuras assumidamente conservadoras que atacam a luta das mulheres, o vizinho, o colega de trabalho ou de aula e até familiares.

Figura 1:  Cartaz na Rua Doutor Montaury. Dia 7 de abril. Créditos: Gisiele Pimel


O crescimento do feminismo é visível, cada vez mais meninas estão se declarando feministas. As problematizações estão acontecendo em salas de aula, no ambiente familiar e até mesmo em locais públicos. Atrelado a isso, surgem os questionamentos, um dos grandes pilares do movimento social. Por que usar determinado tipo de roupa? Quem disse que este é o comportamento ideal para uma adolescente? Perguntas simples que abrem os olhos de estudantes por toda a cidade. Karen Dannenhauer, 23 anos, é estudante de Relações Públicas e feminista assumida. Desde cedo enfrentou crítica social por não ser a clássica menina que odeia educação física: “jogava futebol com os meus colegas, até melhor que eles (risos). Fui perseguida por não me encaixar no padrão que me queriam dentro”. A luta da estudante ocorre diariamente, ao contestar sempre que possível um comportamento abusivo, que segundo karen ocorre com frequência no ambiente universitário.

Figura 2: Fabíola Papini. Líder do Movimento Feminista.
Compreender porque o feminismo gera tanto ataque por parte dos conservadores não é tarefa difícil. Para a líder da Marcha Mundial das Mulheres (Confira aqui) de Caxias do Sul, Fabíola Papini, 33 anos, os ataques existem porque reações estão sendo provocadas, porque as mulheres não estão mais paradas.


Segundo a antropóloga professora da Universidade de Caxias do Sul, Vania Heredia, a sociedade passa por tempos de “revolução”. São ciclos de grandes batalhas, oriundas de determinados comportamentos sociais, o machismo, por exemplo, pode ser categorizado como causa do movimento feminista, mas isolá-lo de todos os problemas sociais que rodeiam a contemporaneidade é um erro. “Vivemos em tempos difíceis, de polarização e extremismos causados por uma sociedade que ainda procura se encaixar”. 

Movimento Social Feminista em Caxias do Sul

Nos anos 2000, o Fórum Social Mundial debatia sobre a pobreza e a violência sexista, paralelamente a isso, surgia em Caxias do Sul os primeiros movimentos para criação da Marcha Mundial das Mulheres na cidade, liderado por Fabíola Papini. Atualmente, existe o coletivo de mulheres estudantes dentro das universidades. Nas rodas de conversa do coletivo, as integrantes se fortalecem, juntas buscam energia para continuar em sua luta política e social. Durante os encontros, estudantes da área da saúde também aproveitam para discutir assuntos como aborto, que não são pauta em sala de aula. “O feminismo que a Marcha Mundial das Mulheres constrói é um feminismo que cabem todas. O movimento precisa e abraça a pluralidade”, encerra Fabíola. 

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